Wednesday, November 05, 2008

"Deixa o Obama trabalhar"


Finalmente algum candidato apoiado por esse blog venceu alguma coisa. Depois de Marta, Gabeira e João do Grito (candidato a síndico do meu condomínio que foi derrotado), eis que Barack Hussein Obama é eleito presidente da maior Disneylândia do mundo, os Estados Unidos. Tudo bem que, com a crise, a Disney americana está com mais cara de “Beto Carreiro World” do que propriamente de “Mickey’s House”. De qualquer forma, fica aí a comparação grotesca entre o país de Britney Spears, Paris Hilton, Madonna e a inesquecível Sarah Pallin e o fantástico mundo encantado de “Valdisney World”.

Comemoro a vitória de Barack Obama não por ele ser negro, afrodescendente, afro-americano, portador de cor desprivilegiada, etc... Comemoro pelo fato da minha maré de má sorte ter ido embora! Eu já me sentia um Ricardo Noblat dos blogs, de tanto pé frio...

Acho que as eleições nos EUA já estavam chatas. Ninguém agüentava mais as piadas sobre as pernas e o QI de ameba da Sarah Palin, com a deficiência do John McCain e a cara de terrorista do vencedor no escrutínio. Outra coisa: o marqueteiro de Obama certamente é amigo íntimo de Duda Mendonça. Era tudo igual: “a esperança vai vencer o medo”, “a Av. Paulista de Chicago com mais de um milhão de pessoas”, “o corte de impostos”, “a geração de empregos”...

Meu Deus, as eleições no ex-país mais rico do mundo parecia a disputa entre Lula e Serra! Tanto que o Serra deles, o John McCain, fez de tudo para esconder o Bush, que corresponde ao nosso FHC. Ambos deixaram o cargo mais impopulares que as piadas do Beguocci ou do Joselito!

Fato é que o pleito “estadunidense”, como gosta de dizer o Aldo Rebelo e a professora Maria Aparecida Aquino, é repleto de simbologia popular, como a eleição do metalúrgico barbudo. Assim como fiz em 2002, fiquei até as quatro da manhã na frente da tv acompanhando os discursos americanos. Segurei as lágrimas porque elas já tinham se esgotado naquela época. De qualquer forma, o discurso de Obama foi bem mais realista do que os anseios dos eleitores. Sem muitos sorrisos como na campanha, mais realista e sensato, Obama sabe que a tarefa que vem por aí é duríssima. A parte mais “fácil” era essa, agora é reverter votos em capital político para as mudanças necessárias e não muito populares.

O novo presidente já disse ontem que essas transformações não têm data nem hora para acontecer. Mas graças a Deus chegaram. Tudo tem um começo. Em 2012 veremos mais uma vez o “negão” pedindo votos. Aposto no slogan “Obama de novo, com a força do povo”. Duvida? É barbada!

As eleições nos Estados Unidos foram melhores que o Brasil de 2002 por apenas um aspecto: os americanos estão mais atentos às mudanças de discurso do novo mandatário e sabem que eleição e ação são diferentes. Ninguém poderá acusar Obama de “estelionato eleitoral”, “traidor” e tudo mais que Lula ouviu no Brasil ao se candidatar a reeleição.

Obama e Lula são símbolos de um mundo que pede mudanças. Mudanças pacíficas através do voto, sem guerra, sem traumas. A América do Norte foi a última grande nação democrática a passar por isso, fenômeno visto no Brasil, Venezuela, Bolívia, entre outros “hermanos” da triste, mas esperançosa, América Latina.

Agora é “deixar o homem trabalhar” e torcer para que programas como “Bolsa Família”, “Fome Zero” e “PAC” emplaquem lá, como cá. Se a crise deixar, teremos o metalúrgico e o negão substituídos por outra novidade: uma mulher. Se for para vencer preconceitos, aproveitemos a onda. Nada seria mais justo que as mulheres tomassem o poder depois que o pobre e negro fizeram suas partes. Nesse ponto, sou mais Dilma que Sarah Palin ou Hillary Clinton.

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