Friday, April 10, 2009

Adeus mundo capitalista

Raros leitores,

Informo a todos que esse blog não existe mais. Depois de muito esforço e trabalho, graças ao Plano Habitacional do Governo Federal finalmente consegui aquirir o tão sonhado blog próprio!!

Essa é uma nova forma de comunismo virtual, onde deixamos a blogosfera capitalista liderada pelo Google para entrar numa experiência única de comunismo. Marx e Engel nesse momento fazem festa no céu, certos de que, finalmente, o mundo se rendeu ao COMUNISMO.

O "A nível de" foi construído para agregar justamente os marginalizados e descontentes da sociedade. Gente que sonha com um mundo melhor e igualitário para negros, amarelos e corinthianos.

Por isso, minha gente, a partir de hoje é só entrar e fazer de conta que a casa é sua:

Saturday, April 04, 2009

Tá chegando a hora...

Igualdade, Casa Própria e Fraternidade!!
Aguardem!!

Tuesday, March 31, 2009

Festival de besteiras que assola o continente

Não sei o que ocorre com os presidentes latino-americanos. A capacidade deles falarem besteiras é uma coisa monstruosa e  ainda será tese de mestrado. Nós, brasileiros, estamos há oito anos ouvindo groselhas e bravatas de Dom Luís Inácio da Silva, el Lula.  Ele já se comparou a Deus e ao diabo, aos santos e gênios, mas ninguém leva muito a sério e a vida segue, sempre a espera da próxima bravata. 

Entretanto, Lula não está só. Sua mais nova aliada é Cristina Kirchnerpresidente da Argentina. A pérola da "bela da tarde portenha" é dizer que Obama, na verdade, copia o plano de governo peronismo. A conferir: 


Sunday, March 29, 2009

A última palavra sobre os brancos de olhos claros

Não costumo repercutir nesse espaço as bobagens ditas pelo nosso presidente da República. Já falei sobre isso mais de uma vez e repito: as frases polêmicas de Lula são uma estratégia para atrair os holofotes. 

Poucos me ouvem, mas um dia a história me dará razão (risos). 

Deixando a modéstia de lado, aproveito a nova polêmica lulista para reproduzir um trecho da coluna do ombudsman da Folha neste domingo, 29 de março. É um trecho muito sintomático sobre as armadilhas presidenciais que Folha e Estado inocentemente (ou conscientemente) caem. Nas polêmicas criadas por Lula, os jornalões paulistas parecem mariscos indefesos perto dos tentáculos do líder político mais habilidoso (e escroto) que se ouviu falar por essas terras. 

Eis o trecho: 

"A Folha adora debochar das mancadas verbais do presidente Lula. Quase sempre de maneira preconceituosa, elitista, exagerada, inócua e equivocada porque um presidente deve ser julgado pela sua administração, não pelo seu português ou seus conhecimentos gerais.

Na sexta, deu destaque a um desses deslizes: a acusação de que a crise econômica é culpa de "gente branca com olhos azuis". A frase tem conotação racista e ideológica, foi proferida diante de um chefe de governo de nação majoritariamente branca e merecia repercussão.

Mas ao armar uma pegadinha para Lula e mostrar que há envolvidos na crise negros, asiáticos e de olhos castanhos, o jornal aceita a premissa do argumento e se nivela com ele."

Friday, March 27, 2009

Amaury Jr. Verde

Esse é um momento histórico para o jornalismo brasileiro. Eis que surge um novo talento do colunismo social ambiental. Certamente o novo substituto de Amaury Jr. Te cuida, Ramy!


Marx tinha razão

O velho gordo, judeu e barbudo Karl Marx dizia que "A história se repete como tragédia ou farsa". Isso vale para tudo, inclusive para eleição no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. 

Dando uma analisada na lista de integrantes da "Chapa 2", deparei-me com o nome de Igor Fuser como diretor de "Cultura e Comunicação". Quem conhece bem a história sabe de sua passagem controversa pelas dependências da Rua Rego Freitas. O direito de mudar é dado a todos no mundo. Porém, o que há de fato realmente é que, para o bem ou para o mal, a "Chapa 2" perdeu as eleições ontem. O placar foi o seguinte: 

Chapa 1 (situação): 653 votos 
Chapa 2 (oposição): 515 votos

Na página do Sindicato dos Jornalista chama a atenção uma nota de José Augusto Camargo (o Guto), reeleito presidente da entidade: "A campanha mostrou o envolvimento das redações no debate".  Se não sou burro, idiota ou coisa parecida, um universo de 1168 votantes não me parece representar as redações do estado, confere? 

Por essas e outras é que defendo uma condecoração para Karl Marx no Conselho de Segurança da ONU. 

Thursday, March 26, 2009

Meu dia de Mônica Bergamo

Coincidentemente estive hoje na livraria Cultura do Conjunto Nacional, justamente na noite em que José Gregori lançava seu mais novo livro: José Gregori - Os sonhos que alimentam a vida. Confesso que tinha lido outro dia na Folha sobre o evento, mas não me atentei a data. Tanto que me espantei ao ver aquele tanto de gente engravatada, enquanto trajava uma calça jeans rasgada e um humilde chinelo de dedos com correia azul. 

José Gregori foi ministro da Justiça de FHC e, como era de se esperar, caciques tucanos de alta plumagem apareceram no evento. Entre as tantas figuras, o governador paulista José Serra e seu antecessor (e atual secretário) Geraldo Alckmin.

Até aqui, nada de novo. Mas o que você não vai ler nos jornais amanhã é que José Serra deu uma de "José sem braço" e furou a fila de autógrafos, para a fúria de muitos que aguardavam a oportunidade de um aperto de mão no ex-ministro. Entre os que esperavam na fila estava justamente o humilde secretário Alckmin, feliz da vida com os resultados da última pesquisa Datafolha para a sucessão no estado e distribuindo sorrisos e tchauzinhos aos transeuntes.  

Provavelmente Folha e Estado também não dirão que, cansado de esperar na fila, Geraldo "Trabalho e Geração de Renda" Alckmin, saiu a francesa do evento, minutos depois que o patrão Serra deixou a livraria. O novo titular da pasta estadual de Desenvolvimento foi embora sem nem pegar autógrafo do anfitrião da noite. 

Gente muito influente do PSDB me garantiu que "Geraldinho", como é conhecido no partido, sequer adquiriu um exemplar do livro de Gregori, saindo do evento de mãos abanando e fazendo jus a fama de muquirana. Pelo sim ou pelo não, a lição que fica é que o "jeitinho brasileiro" parece não ser privilégio apenas dos cidadãos de baixa renda. 

Papelão, governadores.

GreNal

Virou mania na web fazer traillers de filmes usando rivalidades entre times de futebol. Dá uma olhada nessa: 


Wednesday, March 25, 2009

Radiohead - Creep

Mundo mais triste

Minha mãe sempre dizia que a gente só da valor aos pais quando perde. Acho que qualquer pai contrariado deve dizer isso aos filhos. Para contrariá-los mais uma vez, digo que isso não acontece apenas com os pais. Mas também com os amigos. 

Nessa segunda-feira faleceu uma grande amiga: Thaís Sauaya. Ela era a mulher mais velha da sala. Decidira cursar Jornalismo depois de anos de profissão, apenas para adquirir o diploma e continuar trabalhando. Era mais jornalista que qualquer um de nós. Daquelas das antigas, que atuara inclusive no movimento estudantil, quando ainda era aluna da Química. 

Quis o destino que ela falecesse num acidente automobilístico. Durante a cerimônia de despedida, no crematório da Vila Alpina hoje, muita gente importante. Vereadores, líderes sindicais, representantes do terceiro setor, jornalistas. Ao lado do caixão, uma coroa de flores enviada por Lula e Marisa Letícia.

Sabe, com todo a experiência e influência política que tinha, Thaís era a aluna mais aplicada da sala. Sentava entre as "crianças", como gostava de se referir a nós, colegas de sala, sem distinção. Excluía apenas os colegas que gostavam de colocar o nome nos trabalhos, sem dar o suor necessário.

Fechou o curso com nota máxima: 10. Nos formamos em 2006 e desde então mantínhamos contato apenas por e-mail, numa lista de debates administrada por ela. O espaço era para a discussão dos rumos políticos do país. Da forma mais simples conseguiu influenciar meu voto muitas vezes, sempre buscando justiça social e preocupando-se com os amigos. Em síntese, uma mulher de fazer inveja a qualquer homem. 

A notícia de sua morte caiu como uma bomba entre nós, colegas de sala. Era do tipo de pessoa que imaginamos eterna. Só depois de sua partida damos conta que o mundo não será o mesmo. Será pior, com menos uma grave voz para gritar contra as mazelas deste mundo.  

Teatro é isso

Tuesday, March 24, 2009

Sem comentários

Quero destacar um artigo do "Observatório da Imprensa", postado pelo professor Eugênio Bucci. O assunto principal do texto é a quantidade de ofensas que se pode ler nos comentários de blogs pela internet. A minha turma sempre tem um comentário maldoso sobre essa galera, que não tem muito o que fazer e só quer mesmo é azucrinar a vida alheia, sem um pingo de educação.

Mesmo nesse humilde blog é possível verificar alguns comentários ofensivos, sempre encobertos pelo anonimato. Nunca irei apagá-los, afinal, essa é a magia que popularizou a internet. A pluralidade e liberdade são necessárias, desde que feitas de forma civilizada, sem barbárie. Saibam que, assim como Bucci, esse blogueiro também perde o sono com ofensas. Goste ou não, esse blog é feito por alguém de carne e osso. Por isso, leiam o artigo antes de saírem por aí atirando contra pobres e indefesas caixas de comentários, que nada têm a ver com suas frustrações pessoais. 

hhttp://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=529JDB001

Estranhos votos de amizade


Do blog da "Bárbara Gancia":

"Tem site novo e importante no pedaço. É o do meu queridíssimo Caio Túlio Costa, a quem eu considero como uma verdadeira mãe."

Tal mãe, tal filha.

Friday, March 20, 2009

A nível de mudança

Está chegando o momento de realização do sonho da casa própria.


Thursday, March 19, 2009

Monday, March 16, 2009

Coisas belas e sinceras

Navegar na internet é sempre uma surpresa. Entre tantas coisas toscas, raramente se vê algo que interessa de verdade. A última é uma carta publicada no blog do Leo Lama, nome artístico do filho de Plínio Marcos. Ode ao talento paterno. 

Bravo!!!


Nesse fim-de-semana tive a oportunidade de rever o espetáculo Avenida Dropsie, que integra a programação de 15 anos da Sutil Companhia de Teatro, no Teatro Popular do Sesi. 

A primeira vez que vi essa peça foi em 2005, no mesmo teatro. Guardava lembranças maravilhosas dessa encenação que mistura várias obras do genial Will Eisner, cartunista criador de diversas HQs como Spirit. Nessa segunda vista, o espetáculo me pareceu ainda mais interessante do ponto de vista dramático e da preparação dos atores. 

No ano de 2005, Leonardo Medeiros, Guilherme Weber e André Frateschi ainda não tinham ganhado a mídia com participações de sucesso em novelas, séries globais e filmes. Mesmo assim, já se destacavam em suas performances. A única que estava em evidência naquela época era Magali Biff, a Ernestina da novelinha Chiquititas, do Sbt. Por conta desse enorme sucesso, chega a incomodar o número de pessoas que comentavam durante o espetáculo sobre ator X ou Y ser mais gordo, magrou ou bonito do que na tv ou cinema. Comentários que por vezes desviavam o foco para o que acontecia em cena. 

Mas esse não é um privilégio da Sutil Cia. Até quem costuma ir ao teatro e é do underground teatral de São Paulo costuma observar mais a atuação dos, digamos, atores mais conhecidos do grande público. Apesar de tudo isso, Avenida Dropsie não é um espetáculo em que um só ator se destaca. Com poucos diálogos e muita expressão corporal, é uma peça de articulações, onde atores, efeitos visuais, cenografia e música se fundem para mostrar justamente a engenhoca que gira toda grande cidade no mundo.

A Avenida Dropsie é qualquer avenida do mundo. O período em que suas histórias se passam é qualquer um, mas é especialmente o que vivemos agora. Judeu de família imigrante, radicada em Nova York, Eisner nasceu no Brooklyn e é um cidadão essencialmente urbano. A peça dirigida em São Paulo por Felipe Hirsch mostra uma série de observações feitas pelo cartunista durante sua vida na Big Apple. Principalmente no período de sua infância, auge da crise econômica de 1929.

Na faculdade de Jornalismo estudamos os "flâneurs", aqueles sujeitos que costumavam andar pelas ruas de Paris fazendo observações sobre a cidade e seus habitantes. O trabalho de Eisner é justamente esse: o de pairar invisível por uma grande cidade, testemunhando os "pequenos milagres" que acontecem diariamente numa grande metrópole, como o próprio autor classifica.

Para um jornalista essas sutilezas são  peculiares a profissão. Talvez por isso fiquei tão fascinado diante da perfeita reprodução dos episódios cotidianos no palco. Embora muito se critique a forma fechada que o diretor Felipe Hirsch e o ator Guilherme Weber, fundadores da Sutil, conduzam o grupo, o resultado em cena é o que de melhor pode haver em teatro comercial no país.

A cenografia de Daniela Thomas (a mesma do filme Linha de Passe) é acachapante. Um prédio de três andares que leva para o palco situações que nos 110 minutos de espetáculo estão acontecendo em todos os lugares e, com certeza, já aconteceu ou acontecerá com você. Tudo isso de forma mágica, rica em efeitos visuais.

Gostoso também ouvir a voz de Gianfrancesco Guarnieri, que em 2005 ainda estava vivo e narrou as historietas, representado Will Eisner. De repente deu saudades do velho engajado, com sua voz rouca capaz de encantar dentro e fora de cena.

Caro leitor, se você não viu Avenida Dropsie, você pode estar perdendo um espetáculo único, que eleva a obra de Eisner com muita grandeza. Programa daqueles que lembraremos pra sempre.

Serviço: Avenida Dropsie - Teatro Popular do Sesi
Temporada: 18 a 22 de março
                       25 de março a 05 de Abril
Horário: 20h00 (quarta a sábado) ou 19h00 (domingo)
Preço; R$ 10,00 (inteira) ou R$5,00 (meia)
Endereço: Centro Cultural da Fiesp - Av. Paulista, 1313 

Grande mulher

Esse espaço não é reservado para demonstrações sentimentalóides de seu autor. Entretanto, a de se fazer justiça em casos de "estado de sítio" e "calamidade pública". 

Desemprego é um desses estados mais incapaz na história do homem moderno. As crises econômicas  da humanidade geraram muitas histórias de superação exemplo e invenção para o mundo. Mas geraram também histórias trágicas e infelizes, pois as sociedades do capital educam seus filhos apenas para o trabalho, as ambições e o  consumo. 

Na atual fase, só quem tem alguém por perto, mesmo que de lados opostos do rio da vida, pode transformar um período trágico na fábula mais encantadora de se contar aos filhos. Sendo assim, para a minha "morena dos olhos d'água, meus mais puros, ternos e sinceros sentimentos. 

Ira! e Chimarruts são o oposto do romantismo. Mas o que importa são os versos simples, feitos pelo coração que espera uma ligação pra preencher as tardes vazias.  




Saturday, March 14, 2009

O Brasil de Glauber e Hebe Camargo


"O povo brasileiro é analfabeto. Mesmo os intelectuais são analfabetos". 

Amigos leitores. Sei que esse não é o melhor jeito de começar um post. Não se trata de um manifesto do Partido Comunista ou do PSTU. A frase acima é de Glauber Rocha, que neste sábado completaria 70 anos se vivo estivesse. A efeméride glauberiana coincide com outra data importante para o país: o aniversário de Hebe Camargo.

Quem tem tempo de sobra, ou está desempregado como eu, deve ter percebido que desde o último domingo pilulam nas tvs, jornais e revistas notícias sobre os "80 anos da diva da tv brasileira". Hebe recebeu homenagens na TV Record, na Bandeirantes e, é claro, no próprio SBT, canal onde trabalha. A rede de Silvio Santos colocou no ar várias propagandas em homenagem a sua maior estrela. Até aqui não há problema. Com exceção da Tv Globo, que não falou de Hebe na programação, mas mandou Lily Marinho na festa de aniversário, todos os canais mostram homenagens a Hebe, que ocupou lugar de destaque também em todos os jornais paulistas, além de Veja São Paulo, Época, Vogue RG, Istoé, Caras, Flash, Istoé Gente, e diversas outras revistas de celebridades ou não. 

A festa de aniversário na casa da irmã Lucília Diniz, do Pão de Açucar, foi mais disputada que palanque de igreja em corrida eleitoral. Roberto Carlos, Júlio Iglesias, José Serra e Maluf. Toda a nata artística e política esteve no jardim Europa para saldar  a "mulher dos selinhos". Até o presidente Lula mandou mensagem de "parabéns" a velha loira. 

Gente minha, a pergunta que não quer calar é a seguinte: qual a importância de Hebe Camargo para o Brasil? Com respeito aos seus oitenta anos, ela só fala futilidades sem interesse e emite opiniões que não passam do senso comum. Sua trajetória de vida pode ser até admirável, já que ela estudou até a quarta série e hoje é uma das milionárias da tv. No entanto, o que justifica tantos fogos de artifício?

No início da semana a coluna da Mônica Bergamo, na Folha/Ilustrada, trouxe trechos dos discursos na festa da casa dos Diniz. Eis as pérolas:

"A apresentadora Glória Maria fica cara-a-cara com a aniversariante. "Hebe, você não sabe! Há alguns meses, fui parada na alfândega de Paris. Eu disse [ao funcionário francês] que era apresentadora de televisão no Brasil. E ele: "Ah! Outro dia parei aqui uma outra apresentadora brasileira, com uma bolsa cheeeeia de joias. E três relógios que estavam entre os mais caros que eu já vi na vida." Eu disse a ele: "era uma loira, não era?'". As duas caem na gargalhada. "Era eu mesma", confirma Hebe."

                                                                                  

"Hebe sobe ao palco montado no jardim da casa. "Todos vocês vão ter que vender joias para pagar essa festa para a Lucília!", diz. Começa a cantar: "Quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo...". E intercala anúncios, piadas. "Também o Tom Cavalcante faz aniversário hoje." Tom pega o microfone: "Tem criança aqui? Não, né? Então eu digo: 47 anos e pinto duro!". Hebe aplaude."
 
"E continua: "A imprensa acabou comigo dizendo que tô fazendo 80 anos. Quem vai querer uma "veia" dessas?". Um homem grita: "Eu quero. É mole!". E Hebe: "Se é mole, nem me apresenta!". Gargalhadas. Hebe canta para Lucília: "Como é grande o meu amor por você...". A empresária se ajoelha."



Mas a frase que coroa exatamente o que é Hebe Camargo é a seguinte: "Uns podem e não têm, outros têm e não podem. Nós que temos e podemos, vamos aproveitar!".  

Peço desculpas aos meus leitores por me alongar tanto no assunto, mas o que me parece é que o Brasil aproveitou a efeméride de oitenta anos de Hebe para celebrar as delícias de ser rico aos oitenta anos. Hebe Camargo não significa nada para o país. Apenas uma idosa com vitalidade e dinheiro para gastar cinquenta mil reias em apenas uma jóia. Ela é uma mulher rasa, que simboliza os ricos do país e que tantas vezes apoiou Maluf nos seus programas de tv. 

A frase do "ter e poder" li na Gazeta Mercantil, que também entrou na onda do "Viva a loira", sem perceber que reproduzia o desrespeito aos tantos pobres, analfabetos e famintos desse país. Nos onze anos que frequentei colégios estaduais em São Paulo, jamais ouvi falar de Glauber Rocha por professores, funcionários ou amigos de escola. Agora, se perguntarmos em qualquer escola do país quem é Hebe Camargo, todos saberão de seus oitenta anos, seus selinhos e suas frases de "gracinha". 

Um dos vídeos que mais me emociona na internet é o discurso de Darcy Ribeiro no enterro de Glauber. O sociólogo e intelectual por várias vezes se inclui com muita humildade nos "intelectuais analfabetos" do amigo cineasta. Durante o sepultamento conta como o velho amigo perdeu uma manhã inteira chorando pelos futuro inglório dos famintos brasileiros. A imagem dos amigos de Glauber chorando é a reprodução de uma país cada vez mais infectado por Hebes, órfãos da vibrante vontade de mudança de um Rocha.