A última palavra sobre os brancos de olhos claros

Não costumo repercutir nesse espaço as bobagens ditas pelo nosso presidente da República. Já falei sobre isso mais de uma vez e repito: as frases polêmicas de Lula são uma estratégia para atrair os holofotes. 

Poucos me ouvem, mas um dia a história me dará razão (risos). 

Deixando a modéstia de lado, aproveito a nova polêmica lulista para reproduzir um trecho da coluna do ombudsman da Folha neste domingo, 29 de março. É um trecho muito sintomático sobre as armadilhas presidenciais que Folha e Estado inocentemente (ou conscientemente) caem. Nas polêmicas criadas por Lula, os jornalões paulistas parecem mariscos indefesos perto dos tentáculos do líder político mais habilidoso (e escroto) que se ouviu falar por essas terras. 

Eis o trecho: 

"A Folha adora debochar das mancadas verbais do presidente Lula. Quase sempre de maneira preconceituosa, elitista, exagerada, inócua e equivocada porque um presidente deve ser julgado pela sua administração, não pelo seu português ou seus conhecimentos gerais.

Na sexta, deu destaque a um desses deslizes: a acusação de que a crise econômica é culpa de "gente branca com olhos azuis". A frase tem conotação racista e ideológica, foi proferida diante de um chefe de governo de nação majoritariamente branca e merecia repercussão.

Mas ao armar uma pegadinha para Lula e mostrar que há envolvidos na crise negros, asiáticos e de olhos castanhos, o jornal aceita a premissa do argumento e se nivela com ele."

Pra não dizer que não falei...

Do Lula. De novo!

Alguém já reparou a facilidade que o presidente tem para atrair os holofotes?

Não sei se é minha dislexia, mas só agora percebo que o Lula tem um poder midiático que ninguém, nem mesmo a mídia, desconfia. Sempre que pinta uma grave crise política no governo, Lula começa a falar uma porção de groselhas, que acabam desviando totalmente o foco das atenções.

Na semana passada o tema preferido da imprensa era o caso Cesare Battisti. Bastou o presidente dar por encerrado o assunto, que a notícia se reduziu a rodapé de jornal. E como isso se deu?

Bastou um eventoem Brasília e uma viagem ao Nordeste.

No início da semana, no encontro de Lula com os prefeitos, o sapo barbudo esbravejou uma porção de bravatas pra cima da imprensa. No dia seguinte foi página dos jornalões de rádio, TV e papel. Na mesma semana o Planalto convocou um balanço do PAC e, ao final da mesma semana, resolveu colocar a Dilma na rua.

Pronto.

Está mudada a agenda da imprensa.

A oposição tem grande culpa nisso, afinal, não sabe para onde correr diante de tantos fatos "criados" pelo governo. Quando ainda estavam discutindo as supostas "mentiras de Dilma" na prestação de contas do PAC, agora já falam numa ação contra a sucessora de Lula no TSE, por "campanha eleitoral antecipada".

Quem estiver acompanhando atentamente as notícias vai perceber que a crise econômica está perdendo a força no país. Neste sábado, o "Jornal Nacional" abriu o programa falando do "ótimo momento das vendas no varejo"(sic). A reportagem mostrava o movimento no comércio, supostamente alavancados pelas "promoções prolongadas".

Ainda é cedo para previsões. Mas a oposição deve colocar as barbas de molho.

Se o céu de brigadeiro alardeado por Lula desde setembro resolver aparecer no horizonte, 2010 será um rolo compressor para cima do PSDB... Te cuida governador!