Wednesday, September 24, 2008

Minha versão para o fim do mundo

Amigo leitor, menina leitora.

Se você está lendo esse post é sinal que o mundo não acabou. E se acabou, é sinal que pelo menos esse blog e você sobreviveram. Como sei que, num possível fim do mundo, a última coisa que um sobrevivente leria é esse blog, fico feliz que estejamos todos vivos!

Se não estivermos vivos é sinal que você já está no ano de 3090, pesquisando a história trágica da economia capitalista que dizimou a vida no planeta Terra. Nesse caso, as próximas linhas interessam muito a você.

A vida no planeta Terra terminou em 2008. A última lembrança que tenho é que estava de casa nova e, umas semanas antes, tinha recebido os amigos para uma saborosa moelada (na nossa época, moela era um alimento muito em voga em bares das regiões tropicais do planeta. A moela vinha de um animal de nome galinha, usado para alimentar a população de países subdesenvolvidos. Era barata e gostosa. Muitas mulheres também recebiam o apelido de “galinhas” nessa época. Deve ser pelo mesmo motivo).

Comecei a desconfiar que o mundo estava próximo do fim um ano antes, quando o Ricardo Teixeira, presidente da CBF, chamou o Dunga para ser técnico da seleção brasileira. Alguns amigos me contestaram e até me chamaram de catastrófico e preconceituoso, só porque o novo treinador tinha nome de personagem de desenho animado – e, pior, justo um personagem que era meio retardado e mudo.

As evidências continuaram. Na mesma época, a China resolveu abrir as portas para o mundo ocidental e sediou uma edição dos Jogos Olímpicos.

Desse episódio só me lembro que uma porção de gente sem perna e sem braço faturou uma baciada de medalhas de ouro para o Brasil. A princípio, pensei que já era efeito da marola do fim do mundo. Minha mãe sempre dizia que o mundo acabaria com as pessoas derretendo como areia. “Deus sopraria sobre a Terra e os homens dissolveriam como areia!”, proclamava a mamãe. Era tipo no filme do “Homem Aranha 3”, saca?

Pois, é. A mamãe repetia apenas o que o pastor dizia na igreja. “Para quem quiser se proteger, tem que comprar uma roupa blindada na minha mão!”, proclamava o pastor, que também era dono de emissora de televisão.

Com tantos pernetas ganhando medalha, logo pensei: “Xi, começou o Apocalipse!”

Pouquíssimo dias após os Jogos Paraolímpicos (não, não, não é uma competição de bocha, aquele esporte praticado por velhinhos que já não conseguem mais andar), a imprensa começou a dizer que uma tal de LHC provocaria o fim do mundo.

Pasme: a tal engenhoca foi bolada por um sindicato de físicos lunáticos. Todos os membros eram discípulos do professor Pardal, personagem conhecido da nossa época, que ganhou notoriedade pelo mesmo criador do Dunga, um tal de Walt Disney. Pois bem, esses engenhosos senhores eram financiados por vários “Tios-Patinhas” da União Européia, que, ao contrário da “Liga da Justiça”, tinha o Nicolas Sarkozy como protagonista. A única semelhança com os heróis dos quadrinhos é que tinha a Carla Bruni, que era conhecida como a “Mulher-Maravilha”.

Bons tempos! Tempos que comer a estagiária era sinal de status e garantia a reeleição.

Bom, os discípulos do prof° Pardal queriam achar uma partícula chamada de “bóson de Higgs”. Eles diziam que o tal “bóson” era o segredo da vida e de todas as coisas da Terra. Mas o engraçado é que, anos antes, um tal de Chico Anísio – que não era físico nem nada, já tinha achado um tal de “Bozó”.

Não falei nada na época, porque o sindicato dos físicos fez um grande consórcio, como aquele do Banco Panamericano, para pagar a tal da máquina de 27 km, chamada de "Grande Colisor de Hádrons". Todo mundo dizia que era o ‘princípio do fim do mundo’, mas os sindicalistas diziam que não. Que eram altamente capacitados e que tudo era uma grande bobagem...

Só comecei ter mesmo certeza do fim quando descobri que tinha brasileiros entre os sindicalistas, candidatos a “todo-poderosos”. O Chico Buarque, grande cantor da nossa época e comedor de mulheres casadas, sugeriu uma vez a criação do Ministério do “Vai dar Merda”. O Lula, que era o nosso presidente e, coincidentemente, também foi 'sindicalista', não ouviu. Mas na hora lembrei: “Vai dar merda!”. Bingo.

A máquina enguiçou e todos pensaram que o mundo teria uma sobrevida. Entretanto, no dia seguinte, os jornais anunciavam o “Crash da Wall Street”, por conta de meia dúzia de bancos que tinham nome de cafeteria ou lanchonete fast-food: Fannie Mae, Freddie Mac e Lehman Brothers.


Na mesma época, um negão e um deficiente físico brigavam para ver quem ganhava o direito de fornicar com a estagiária no Salão Oval da Casa Branca. Casa, aliás, que era habitada até então por um cowboy canalha, que só queria saber de 'Batalha Naval' e deixou os banqueiros brincarem de mão invisível sem a supervisão de um adulto.

Daí, deu no que deu: o governo americano teve que criar o PROER yanque, para salvar bancos, mas sem a presença do Salvatore Cacciola e seu best-seller “Eu, Alberto Cacciola Confesso”. Ambos estavam presos em Bangu 8.

No início, fiquei com medo do negão ganhar aquelas eleições. Nesse tempo, todo negão tinha fama de “cagar na entrada ou na saída”, o que era de um preconceito medonho! Mas quem acabou cagando na saída foi o cowboy, que deixou um abacaxi que o deficiente e o negão não conseguiriam descascar.

No mesmo período, o Corinthians acabara de subir para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro e o presidente do clube anunciou pela trigésima vez: “Vamos ganhar a Libertadores no próximo ano!”.

Não tiveram tempo, pois um ex-governador de Pindamonhangaba assumiu o poder e transformou as transmissões futebolísticas em eventos da 'Canção Nova'. Na ocasião, os petistas saíram pelas ruas pelados, todos gritando que era o “fim do Neoliberalismo”, deixando o PSTU sem plataforma de militância e a Heloisa Helena vociferando contra o "balcão de negócios sujos" da bolsa de Nova Iorque.

Ao mesmo tempo, Fernando Henrique Cardoso, o pai do "real", foi internado num manicômio. Ele só repetia a frase “Esqueçam tudo o que eu escrevi, esqueçam todas as estatais que vendi”.

Houve uma síndrome de suicídio coletivo onde o negão, o deficiente, o cowboy e o presidente do Corinthians entraram na onda. A última lembrança que tenho é da máquina do “fim do mundo” ter voltado a funcionar, graças a um estudante de física da Unip. Foi justamente no momento em que eu terminava de escrever esta car... gvbhiasdb ´pç 8pás bvgf

2 comments:

Anonymous said...

Sensacional!

Sil S. said...

Gênio!