Jornalista não é uma profissão fácil. Quando se pensa que já cometeu as maiores canalhices da sua vida, certamente você se deparará com alguma situação ainda pior. Pois é, comigo não foi diferente. Depois de assinar reportagens a favor da Igreja Universal e do bispo Marcelo Crivela, trabalhar para a família Mesquita e estudar na Cásper Líbero, fui obrigado a pedir carona para a Rota. É isso mesmo, aquela mesma Rota do livro de Caco Barcellos, do Rambo matador de inocentes e tal. Acredite se quiser!
O causo se deu na última quinta-feira, em São Matheus, fundão da Zona Leste de São Paulo. Os policiais haviam descoberto um laboratório de refino de cocaína. Era tanta droga junta que eu achava que estava num filme do Tarantino, de tão escabrosa que era a situação. Pois bem, eram 2:30 da manhã e a maldita motorista não chegava para nos pegar. A perícia foi embora e os policiais que descobriram a droga precisavam deixar o local e levar a droga para o DP e para o IC. Acontece que o repórter aqui não podia ficar para traz sozinho. O lugar era escuro, longe e estremamente violento. Qual a solução mais obvia? Pedir carona aos policias, que muito solícitos não pestanejaram: “Tudo bem, mas você vai no chiqueirinho!”
Para os desavisados, “chiqueirinho” num carro de polícia é onde eles colocam os presos.
Certamente você já viu muita gente sendo empurrada pra dentro da viatura, sendo humilhada e xingada pela população enquanto divide o porta malas da viatura com mais três pessoas. Mas aposto que você nunca pensou que uma pessoa tão bonita e descente como eu passaria por isso, né... E lá fomos nós, eu e os 87 quilos de cocaína dividindo o mesmo espaço.
Claro que não preciso dizer que cheirei cocaína nesse dia, né? A cada curva que a viatura dava, a droga vinha toda para o meu lado. Foi uma briga com toda aquele pó branco que nem o mais desesperado usuário pensou em ter na vida. Cheguei na delegacia todo branco, com dor de cabeça e pensando: “Puxa vida, eu poderia ter sido médico ou dentista. Salvo se tivesse esquartejado a amante, jamais teria que passar por isso na vida!”. Parece história de pescador, mas aconteceu comigo! Enquanto muitas moças brigam para ter "um dia de princesa", eu choro por ter tido um dia de chiqueirinho.
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