Monday, June 09, 2008

Alemanha antes do muro e do Oscar

Acaba de chegar às locadoras o melhor filme do ano passado: A vida dos outros. O filme alemão foi o vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro do ano passado e se passa na Alemanha de 1984, dividida pela política, pela dor e por um vergonhoso muro. O enredo é a vigilância do estado na vida de supostos inimigos do regime. Lembra muito a fábula do “Big Brother” criada pelo escritor George Orwell.

Mas esse é apenas um gancho para esse post. O filme A vida dos outros é da mesma safra de filmes alemães de Adeus Lênin(2003) e Os educadores (2004). Em síntese, um clássico pra ser visto daqui a cinqüenta anos como retrato (mais um) de um regime ditatorial que dividiu o mundo. Como todo clássico, A vida dos outros tem um precursor. Chama-se O túnel e também é alemão. É um desses filmes que certamente você se surpreenderá. A película é de bem antes, de 2001, dirigido pelo também alemão Roland Suso Richter, de O Terceiro Olho (2003).

O Túnel é a história real de um grupo de alemães que fogem da Alemanha Oriental em 1961 e tentam resgatar parentes que ficaram para trás. Foram meses cavando antes do resgate, que só acontece no final do filme. Mas antes da apoteose, muita dor e sofrimento com parentes sendo investigados 24 horas, perseguidos e com muitos tendo que optar entre a vida e a morte para salvar o plano liderado por um ex-atleta soviético, fugitivo da porção socialista alemã.

O filme reproduz com tanta fidelidade a Alemanha antes da queda do muro que temos a impressão de ser um dos personagens da fuga. Antes que alguém me chame de rato de locadora, assisti ao filme por acaso. Ele estava passando às dez horas da manhã de uma segunda-feira no canal E, esses que ninguém vê na TV a cabo. Com certeza quase ninguém viu. Mas quem assistir certamente reconhecerá muitos traços e atores que estão em A vida dos outros. Um dos personagens principais de “A vida...” é o conhecido Georg Dreyman conhecido como o único dramaturgo não-subversivo da RDA. O personagem é interpretado pelo ator Sebastian Koch, que também está no centro da trama de “O túnel”. Mais uma vez ele é uma vítima do aparelho repressivo estatal, que mata, prende e violenta pessoas que são culpadas apenas por pensarem diferente do governo.

O túnel é o primeiro capítulo de “A Vida do Outros”, que culminou com atenções em Cannes e em Hollywood, graças ao talento dos alemães de reproduzirem suas dores e seus fantasmas mais horríveis para as telas.

2 comments:

F. Vives said...

"A vida dos outros" é um filme pra caras durões. É o Casablanca do século 21. Fica aí a indicação.

Anonymous said...

Adorei seu post!

Pessoal, essa eu tenho que recomendar, dois

sites interessantíssimos:

www.meus3desejos.com.br e

www.videoflix.com.br.

Abs.